Em Intervalo, Frederico Paredes aborda questões coloniais através da figura do pardal, intruso de cidades e agressor de outras espécies de aves, em particular o Tico-tico. Importado para o Rio de Janeiro no início do século XX, o volátil aqui se torna esse corpo estranho e simbólico, a partir do qual são questionadas as dificuldades de conviver, os mecanismos de rejeição e agressão, a maneira pela qual a benevolência colide com a violência na cidade brasileira.
Em um palco vazio, que alterna a avenida do Rio e a floresta amazônica, Frederico Paredes fala sobre como as escolhas urbanas traduzem relacionamentos coloniais, domínio econômico e social. Como um guia improvisado, ele vincula o gesto ao discurso, misturando anedotas, descrições de paisagens e gravações de canto de pássaros de forma “meta-coreográfica”, onde a luta pelo território parece ser uma metáfora contundente para a arte e a situação atual no Brasil.
????: Mauro Kury