A programação de 2016 foi pensada para abrigar trabalhos que, de várias formas, lidavam com o corpo como gesto político e espetáculos que dialogavam frontalmente com a crise vivida em todo o mundo.

“O que fazer daqui pra trás?”, criação de João Fiadeiro e dos intérpretes do Atelier/RE.AL, levou ao palco do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto as indagações vividas pelos artistas sobre a continuação do trabalho depois de um corte no financiamento fornecido pelo governo português.  No espetáculo, o corpo era portador de todo o discurso: em movimentos, fala, dança e ação.

O artista procurou explorar a duração do tempo suspenso, o intervalo, focando a atenção no que não está acontecendo diante do público. “Aqui, o não dito é mais importante que aquilo que se diz. A ausência se sobrepõe à presença. O espetáculo faz uma crítica à urgência e à aceleração da rotina, que dificultam a organização do indivíduo. Os intérpretes entram e saem ofegantes de cena, deixando o espectador num estado de constante espera pelo que irá ocupar o vazio deixado por eles”.