A trajetória do Panorama é feita a muitas mãos – a muitos corpos. Esta história se confunde com a da própria dança contemporânea carioca e de seus intérpretes. Ao celebrar 25 anos, o festival celebra também estes artistas, criadores e investidores da dança e do corpo. Com a mostra “Cariocas – 25 anos depois”, convidamos alguns deles para apresentarem dentro da programação seus trabalhos mais recentes.

É uma forma de homenagear essa geração, que cresceu junto com o Panorama, lado a lado, dividindo esforços, conquistas e o espaço para a dança florescer no Rio.

“Nesses 25 anos de propostas, podemos perceber como a vida é curta e o tempo relativo. O quanto de esforço foi feito, conjuntamente, para realizarmos trabalhos que, de alguma forma, traduzissem o momento que observamos o mundo. Quantas perguntas e poucas respostas pra minha curiosidade, afinal que dança é essa que não se limita aos movimentos e rompe a fronteira de expressões para tecer na arte um conjunto de possibilidades?”, segue questionando João Saldanha, que apresenta apenas hoje, às 20h, o solo “Romeu”, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto.

“O Panorama está aí ao lado, seguindo sua importância, se transformando para dar sentido e trazer sentido aos artistas, inventores de um mundo mais profundo, menos sedentário, um mundo liberto de vigílias onde  fazemos danças”, completa João.

Escrito durante o tratamento de um linfoma por Marcelo Braga – companheiro de vida e de trabalho de Saldanha por mais de 20 anos – o trabalho expõe questões íntimas de forma reflexiva e bem-humorada. A continuidade do processo de criação do espetáculo foi um pedido de Marcelo a João. O solo é o resultado desta trajetória de amor e convida o público a conhecer de perto as paixões, virtudes e medos do autor.

João Saldanha é coreógrafo e bailarino. Um dos expoentes da dança contemporânea carioca da sua geração, estudou dança moderna em Londres, técnicas de Graham e José Limón em Paris e balé com Aldo Lotufo e Nora Esteves no Brasil. Fundou o Atelier da Coreografia em 1986 e, desde então, circula pelos principais teatros e festivais do Brasil.